UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA - AFRICAN STUDIES CENTER
Noticias de Mocambique 72, (101/17/'96)

Noticias de Mocambique 72, (101/17/'96)

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NotMoc - Noticias de Mocambique
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No 72 16 de Janeiro de 1996 Maputo
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O numero 72 de NotMoc contem as seguintes seccoes:
1. Resumo das Noticias Gerais
2. Destaque: A Violencia Domestica
3. Noticias Economicas
4. Curtas
5. Maputo Cultural
6. Desporto

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NOTICIAS GERAIS
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CICLONE "BONITA" FUSTIGA COSTA MOCAMBICANA: QUELIMANE INUNDADA

A depressao tropical "Bonita" estah a fazer sentir os seus efeitos em Mocambique desde a passada sexta-feira. A cidade de Quelimane foi alvo de chuvas torrenciais e ventos fortes de 30 nos. Mais de 20 postes de energia tombaram, o que deixou a cidade aas escuras. A central termica soh entrou em funcao dois dias depois, porque estava inundada. O emissor da Radio Mocambique emudeceu e o abastecimento de agua ficou interrompido. Com os esgotos entupidos por falta de manutencao, muitas ruas ficaram inundadas. Mais de 400 casas desabaram, tres pessoas morreram, oito ficaram feridas e muitas familias tiveram que ser evacuadas. Dois armazens do DPCCN ficaram sem cobertura e 300 toneladas de milho estao ao relento.

A cidade da Beira tambem sentiu os efeitos do ciclone, embora em menor grau. Muitos bairros perifericos estao inundados. O abas- tecimento de agua foi interrompido por causa de uma avaria na esta- cao de bombagem, em consequencia das chuvas. A RM estah a transmitir a partir de um emissor alternativo.

O "Bonita" passou pelas provincias de Nampula, Zambezia, Sofa- la, Inhambane e Gaza, deslocando-em direccao ao Sul. De Nampula nao hah informacoes sobre grandes prejuizos. Na Zambezia, o distrito de Pebane parece ser o mais afectado. O ciclone jah estah a perder a sua forca. (Not. 13, 15 e 16/01, RM 16/01, mediaFAX 16/01)

ATAQUES ARMADOS NA ESTRADA NACIONAL No 1

Na madrugada da passada terca-feira dois autocarros da empresa Virginia, que faziam o percurso Maputo-Beira e Maputo-Tete, e um camiao de carga, foram atacados por um grupo de cerca de 30 homens armados, na EN-1, na zona da Muxungue, distrito de Chibabava, na provincia de Sofala. Os passageiros foram forcados a se deitarem na estrada, enquanto os assaltantes saqueavam todos os seus bens. As balas mataram uma pessoa e feriram quatro, uma das quais em estado grave. Um dos motoristas disse ter ouvido os assaltantes a gritar "viva a Renamo, viva Dhlakama". De acordo com a policia, tem havido varios assaltos ultimamente no troco Inchope-rio Save, assim como no troco Dondo-Caia, mas nenhum desta envergadura.

Um segundo ataque ocorreu tres dias depois, entre Inchope e o rio Buzi, ceifando a vida de uma pessoa. A policia afirma suspeitar que os ataques sao a obra de "chimuenjes", em conjunto com desmobi- lizados da Renamo e anunciou a detencao de quatro suspeitos, entre os quais um ex-oficial da Renamo. Raul Domingos, chefe da bancada parlamentar da Renamo nega qualquer responsabilidade daquele par- tido no ataque e responsabiliza aquilo que chama de "gabinete de crise" da Frelimo. Este "gabinete" seria "constituido por Armando Guebuza, Mariano Matsinhe, Lagos Lidimo, Pascoal Mocumbi, Zumbire e outro pessoal do SISE" e estaria a funcionar no gabinete do ministro da Defesa.

Outra estrada com problemas eh a EN-8, em Nampula. No troco que vai de Monapo a Nacala houve varios ataques nos ultimos dois meses, principalmente durante a noite. Recentemente pelo menos um automobilista foi assassinado na zona de Natique. (TVM 9/01, Not. 10, 13 e 16/01, mediaFAX 11/01)

1400 TONELADAS DE MILHO DESAPARECERAM DO PORTO DE MAPUTO

1407 toneladas de milho, parte de um total de 12.500 doadas pelos EUA, desapareceram no porto de Maputo. O caso foi entregue aa policia. Estao em curso investigacoes que envolvem, alem das enti- dades portuarias, a USAID e a Sociedade Geral de Superintendencia. (Not. 23, 27 e 29/12)

ESTAh A CHOVER NA AFRICA AUSTRAL

O fim de varios anos de chuvas escassas parece aa vista. Os meteorologistas da SADC preveem chuvas acima do normal e, conse- quentemente, colheitas boas. E jah estah a chover na maior parte do pais e nos paises vizinhos. As grandes quantidades de chuva caidas na Africa do Sul aumentaram os caudais dos rios mocambicanos. O Incomati subiu em seis horas de 16 m3/s para 281 m3/s. A vila fron- teirica de Ressano Garcia estah sem agua porque ninguem se lembrou de tirar o chupador que alimenta o sistema de abastecimento de agua do meio do rio e este ficou soterrada com a enchente do rio.

O rio Maputo jah registou cheias, nomeadamente nas zonas de Salamanga e Catuane. Pelo menos 5000 pessoas ficaram desalojadas, enquanto mais de 400 ha. de culturas sao dadas como perdidas. As cheias parecem ser o resultado da abertura das comportas das barra- gens sobre os rios Pongolo e Usutho, na Africa do Sul.

O Limpopo tambem subiu porque duas barragens na RAS abriram as comportas. No distrito de Guijah jah comecou a evacuacao de cerca de 6000 pessoas, como medida de prevencao contra possiveis cheias. A 30 de Dezembro o caudal atingiu os 984 m3 por segundo. Soh haverah cheias se o nivel chegar a 1500 m3 por segundo. A corrente cortou o aterro que garantia a ligacao entre a vila de Canicado e a cidade de Chokwe, num extensao de 500 m, obrigando os automobi- listas a um desvio de cerca de 60 km.

Na cidade de Tete, as chuvas torrenciais provocaram danos ma- teriais avultados. Casas desabaram e houve inundacoes nas princi- pais ruas da cidade. (PANA 19/12, Not. 27, 29/12, 3, 8, 13, 15/01)

PRIMEIRO CONFRONTO ENTRE POLICIA E "CHIMUENJES" DEIXA NOVE MORTOS

Um confronto entre uma unidade da Policia de Intervencao Rapida e um grupo de "chimuenjes" nas imediacoes da base de Zomba, cerca de 20 km a oeste de Dombe (Manica) resultou em nove mortos, dos quais um agente da policia. De acordo com informacoes da policia, o confronto deu-se quando os rebeldes zimbabweanos, que pretendem derrubar o governo de Robert Mugabe, empreenderam uma emboscada contra a policia. Quatro chimuenjes foram presos. Eh a primeira vez que hah um confronto armado, desde que os rebeldes atacaram o posto policial de Dombe a 31 de Outubro do ano passado. A tensao em Dombe voltou a subir. (Not. 16/01)

AFUNDOU A OFICINA DA DOCA FLUTUANTE

Afundou no dia um de Janeiro a oficina de reparacoes de navios da unica doca flutuante mocambicana, instalada na zona de Catembe, sob gestao da ENAMA (Estaleiros Navais de Maputo). A unidade tinha uma capacidade de atender quatro a seis navios por mes e arrecadava uma media mensal de 60 mil dolares. A ocorrencia da-se exactamente numa altura em que a maior parte da frota industrial estah parali- sada por causa do defeso do camarao. A oficina, fabricada na Bulga- ria, foi montada em 1980/81, com apoio da URSS e toda a maquinaria era russa. E ENAMA estah em negociacoes com a empresa Aquanauta Diving Services com vista aa reflutuacao da oficina.

Os trabalhadores da oficina dizem jah ter avisado a direccao do risco e que o afundamento podia ter sido evitado se tivesse sido feita a dragagem do local onde se encontra atracada a oficina. Hah cinco anos que a oficina, ao vazar da mareh, assenta num banco de areia. A base jah se tinha partido em dois lugares. Os trabalhado- res mantem se no servico e continuam a auferir os seus salarios. (Not. 6 e 10/01, mediaFAX 10 e 12/01)

NOVOS EMBAIXADORES

Pedro Comissario Afonso, ex-embaixador junto aas Nacoes Uni- das, foi nomeado embaixador em Portugal. Armando Panguene, ateh hah pouco embaixador na Gra-Bretanha, serah o novo embaixador na Africa do Sul. Com a entrada de Mocambique na Commonwealth, os embaixado- res passaram a chamar-se de "altos comissarios". O alto comissario de Mocambique na Zambia serah Cristofa Inosse Jamo, ateh aqui Director do Instituto Superior de Relacoes Internacionais.

O novo alto comissario britanico em Mocambique eh Bernard Jonathan Everett. Com passagens diplomaticas por Lisboa, Rio e Luanda, o sr. Everett eh casado com uma portuguesa e fala fluente- mente a "lingua de Camoes". (Not 11/01, mediaFAX 12/01, Domingo 14/01)

ASSALTOS aa M~O ARMADA EM CHANGALANE

Homens armados atacaram casas, saquearam o que fosse do seu interesse, e obrigaram os habitantes da casa a carregar os bens roubados. Parece a descricao de uma cena que era comum na guerra recem-terminada, mas aconteceu nas noites de 24, 25, 26 e 31 de Dezembro ultimo, na localidade de Ndinguidwane, no posto admi- nistrativo de Changalane (Maputo). A populacao, na sua maioria regressados do refugio na Swazilandia, pensou tratar-se do recomeco da guerra e comecou a preparar a sua volta aaquele pais vizinho. A policia prendeu quatro suspeitos. (Domingo, 14/01)

PMA CONTESTA AUMENTA DO PRECO DO MILHO

O Programa Mundial de Alimentacao considera proibitivo o preco ao produtor do milho, fixado pelo governo em 136 dolares por tone- lada. Recentemente o PMA assinou um contrato com o Instituto de Cereais de Mocambique para a compra de oito mil toneladas de milho na zona norte do pais. "Nos queriamos comprar muito mais, mas a este preco nao nos convem," jah que o preco nos paises da regiao eh mais baixo, disse o chefe da seccao de emergencia do PMA em Mocam- bique, Bishow Parajuli. O PMA contesta tambem a subida da taxa de utilizacao do porto de Maputo. Anteriormente pagava-se US$ 1,20 por tonelada de milho descarregada, agora sao US$ 16, uma subida de cerca de 1200%. (Domingo 14/01)

ROUBAM-SE DESDE AVI~ES...

Um Antanov 32, que estava na aeroporto de Maputo com uma avaria, foi desviado pelo piloto, de nacionalidade russa. O piloto obteve autorizacao para fazer um teste dos motores e dos travoes, mas, uma vez na pista, levantou voo. O aviao aterrou mais tarde no aeroporto de Lanseria, arredores de Joanesburgo. (Not. 9/01)

... ATEh SUCATA

Um grupo de 71 pessoas foi surpreendido na madrugada do dia 8 a tentar roubar sucata no porto de Maputo. Chegaram em pequenas embarcacoes e jah tinham embarcado 35 toneladas de sucata, perten- centes aa empresa sucateira Reliable. Os principais destinos da sucata sao o Japao e a India. (Not. 9/01)

MAIS CADEIAS

O Ministro da Justica, Joseh Ibraimo Abudo, disse que foram detectados "casos insolitos" nas auditorias em curso nas cadeias do pais e nas outras instituicoes ligadas aa Justica. As irregularida- des identificadas na Cadeia de Nampula levaram aa substituicao da direccao (cf. NM 48 e 71). Nos Registos e Notariado de Maputo foram feitas detencoes e expulsoes. O ministro, que estah de visita a Sofala, visitou em Dondo as obras da futura Cadeia Regional. A superlotacao da Cadeia Central da Beira jah deixou de ser um problema, apos a transferencia de 116 reclusos para o centro prisional de Savane. Alem de Donde, estao a ser construidas novas cadeias em Nampula e em Mabalane (Maputo) (Not. 11 e 15/01)

IMINENTE O DESPEJO DOS MORADORES DO "GRANDE HOTEL"

O Concelho Municipal da Beira considera que eh urgente desabi- tar o "Grande Hotel". Construido na decada de 50, o edificio encon- tra-se em avancado estado de degradacao. Nos seus quatro pisos habitam mais de duas centenas de pessoas, entre agentes da policia, funcionarios da Entreposto - ateh hah pouco detentora do imovel, que foi oferecido ao governo provincial - vendedores ambulantes e desempregados. O edificio nao tem uma unica casa de banho em fun- cionamento. A unica recompensa que o municipio oferece eh o acesso a um terreno e um credito bancario para cada um construir a sua casa. O Governo ainda nao decidiu que destino darah ao imovel. (Not. 3/01)

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DESTAQUE
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A RESPEITO DA VIOL~NCIA DOMESTICA

No telejornal das 20h00 na TVM, no dia 10/1/96, apresentaram- se os resultados de uma investigacao realizada pela Associacao das Mulheres de Carreira Juridica, sobre a violencia domestica. Na co- municacao da presidente destacaram-se como constatacoes da pesquisa a existencia de dois tipos de violencia, a "violencia perpetrada com fins danosos" e a "violencia amorosa", sendo esta ultima caucionada pelo sentimento afectivo do marido e pela compensacao obtida pela mulher.

Embora estas afirmacoes nao estejam contextualizadas, i.e., nao conhecemos o quadro teorico, a problematizacao, as metodolo- gias, as dimensoes historicas e espaciais da pesquisa, preocupamo- nos com este tipo de generalizacao que, encaradas desta maneira, mais nao fazem do que reproduzir o senso comum.

Nao contestamos que as pessoas envolvidas nesta pesquisa tenham efectivamente recolhido alguns depoimentos que corroboram esta posicao. No entanto, as condicoes de reproducao deste discur- so, a saber, no telejornal da TVM e as competencias em jogo (pro- fissionais, juridicas e cientifico-culturais), tendem a legitimar, junto ao publico, todo e qualquer enunciado, banalizando o exerci- cio da violencia, cuja complexidade, sobretudo no campo domestico, nao se esgota numa unica investigacao. A violencia eh um fenomeno transcultural e trans-historico, que no campo cientifico eh dificil de ser estudado, porque estao em causa as relacoes de poder na familia e os papeis sociais atribuidos a cada um dos generos (mas- culino e feminino), mas que jah encontra reconhecimento institucio- nal. Em 1993, a Assembleia Geral das Nacoes Unidas adoptou uma declaracao condenando a violencia contra a mulher. De acordo com o Artigo 1 desta declaracao, a violencia contra a mulher inclui:
"todo o acto de violencia com base no genero que resulta em ou pode vir a resultar em danos fisicos, sexuais ou psicologicos ou em sofrimento para a mulher, incluindo ameacas, coercao ou privacoes arbitrarias de liberdade, quer ocorram na vida publica ou privada" (citado por L.L. Heise et al., "Violence against women: the hidden health burden", World Bank Discus- sion Papers, No. 255. p. 3).

Saliente-se que nesta enunciacao se condenam todos os actos de violencia, quer estes ocorram na esfera publica ou privada. Consi- dera-se tambem que a violencia nao se circunscreve ao ambito fisi- co, mas que pode ser exercida nos planos emocional e psicologico.

Subscrevemo-nos,

Amelia Neves, Amelia Sumbana, Ana Loforte, Conceicao Osorio, Eulalia Temba, Lucena Muianga, Maria Joseh Arthur, Teresa Cruz e Silva, Teresinha da Silva, Ximena Andrade.

(Publicado na seccao de "Cartas" do jornal Noticias de 15/01)

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ECONOMIA
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1995 EM RETROSPECTIVA

O governo considera que 1995 foi um ano de crescimento econo- mico mais lento do que esperado, mas de menos inflacao e de aumento satisfatorio no sector privado. Com base nos dados disponiveis ateh Setembro, espera-se um crescimento do PIB na ordem de 3%, menos do que os 4,8% programados. Isto resulta de uma escolha que o governo teve que fazer entre desacelerar a inflacao e manter o crescimento economico. O consumo publico deverah atingir uma reducao de 28%, bem mais que os 20% programados. O investimento publico deverah ter um grau de execucao na ordem de 95%, o que representa uma reducao real de 12% em comparacao com 1994.

No sector privado, a taxa de crescimento da producao foi de cerca de 7%, excluindo os servicos. A industria transformadora teve um crescimento real de 18,5% ateh Setembro. A actividade agricola aumentou em cerca de 5%, apesar de uma reducao de 32% na producao de arroz, devida aa seca no sul e uma reducao de quase 70% na producao de carne, por causa da peste suina. A captura de camarao aumentou, mas a captura de peixe reduziu-se para metade.

A inflacao prevista eh de 34% para o conjunto de 1995, contra os 24% programados. O crescimento monetario serah de 14%, menos que os 17% estabelecido com limite. Mas a desvalorizacao do metical foi de 35% no primeiro semestre e deverah chegar aos 60% ao ano.

O defice de financiamento ateh Setembro foi de 880 milhoes de contos, com uma reducao de despesa da ordem dos 692 milhoes. O defice orcamental antes de donativos deverah ser de 21% do PIB (previsao: 20%), depois de donativos 3,7% (previsao: 5,6%). A poupanca bancaria serah de apenas 0,8% do PIB (previsao: 3%).

Desde 1992 foram constituidas 45 novas empresas em resultado do processo de privatizacao. 90% das empresas privatizadas foram compradas por empresas e cidadaos mocambicanos, mas 60% dos fundos sao de origem estrangeira, nomeadamente Portugal, Africa do Sul, Gra-Bretanha, Holanda, Dinamarca, Zimbabwe, Suazilandia e Mauri- cias. Em 1995, ateh Outubro, foram privatizadas: Caju de Mocambi- que, Emplama (tres unidades), Companhia Industrial de Matola, Hidromoc, Soveste (tres unidades), Encatex (seis unidades), Dimac, Fabricas de Cerveja 2M e da Beira, Hortofruticola, Mocargo (60%) e Steia. (A informacao foi extraida do "Plano economico e social e politica orcamental para 1996"; Savana 29/12, mediaFAX 5/01)

BANCO MUNDIAL IMP~E LIBERALIZAC~O ACELERADA DA EXPORTAC~O DE CAJU

Liberalizar a comercializacao e exportacao da castanha de caju em bruto, eis a receita do Banco Mundial. No seminario sobre o sector em Junho (ver o nosso artigo "Que futuro para a industria mocambicana de caju?" no NM 53) o governo, na pessoa do ministro da Industria, Oldemiro Baloi, pos-se ao lado da industria. Mais tarde chegou-se a um consenso: uma sobretaxa de 26% sobre o preco FOB-5%, a ser reduzida em 4 pontos percentuais por ano, ateh chegar aos 10%.

Mas o Banco Mundial nao aceitou. Uma missao tecnica, chefiada pela sra. Phyllis Pommerantz, que esteve em Maputo em Novembro pas- sado para conversacoes sobre o terceiro credito destinado ao apoio aa balanca de pagamentos, insistia na abolicao da taxa de sobreva- lorizacao. Na mesma altura, o representante do BM em Mocambique, Roberto Chavez, disse que o Banco soh aceitaria a extensao do terceiro credito e a concessao do quarto se o governo aceitasse a liberalizacao total das exportacoes de castanha "in natura".

Na negociacao que teve lugar em Dezembro do ano passado, o BM contrapos: 15% nesta campanha, 10% na proxima e 5 e 0% nas duas seguintes, ameacando que o programa do Banco Mundial para Mocambi- que nao subia ao "board" em Washington, se o Governo nao aceitasse. A negociacao resultou num diploma ministerial que fixa a sobretaxa em 20% nesta e em 12% na proxima campanha, 7, 5 e 0% nas seguintes. Mas as percentagens para os proximos anos ainda serao negociadas.

No programa Linha Directa da RM, o primeiro-ministro, Pascoal Mocumbi, defendeu a liberalizacao acelerada, apresentando-a como posicao do governo. "Por outras palavras, em menos de um ano o governo muda 180 graus na sua politica para este sector, defendendo ambas as politicas com o mesmo ardor. Eh, passe a expressao, trapezismo a mais," comentou o mediaFAX num editorial (18/12).

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Industria do Caju, SINTIC, repudiou as medidas do governo. A OTM tambem manifestou-se contra a decisao: "a exportacao em bruto (...) vai significar o encerramento irreversivel da maior parte, senao de todas as industrias de caju," condenando ao desemprego mais de 10 mil trabalhadores. A OTM defende o regresso aa politica de abasteci- mento integral de castanha aas industrias antes de se exportar. E exorta "os trabalhadores de todos os ramos de actividade" a solida- rizarem-se com o SINTIC.

A AICaju e a AIMO tambem condenaram as medidas. Os industriais sentem-se traidos: o BM pressionou o governo a privatizar as empre- sas de caju. Eles compraram-nas, endividando-se para repor as fabricas em operacao, e agora vem o BM eliminar o que resta da politica de proteccao aa industria, tornando inviavel a sua recupe- racao. (Not. 21/12 mediaFAX 11, 14, 18, 21, 22/12, Not. 13 e 23/12)

DESEMPREGO: NUMEROS

Os centros empregadores registaram 98.767 candidatos a emprego no ano transacto, dos quais 20.637 mulheres. A provincia de Sofala tem 28.892 desempregados registados, seguida de Maputo com 14.106. Nos primeiros dez meses de 1995 o centro de Maputo recebeu 918 vagas e conseguiu satisfazer 675 pedidos de emprego. Esses dados, embora ilustrem a discrepancia entre a oferta e a procura de emprego, nao dao a dimensao real do desemprego, jah que a maioria dos desempregados nao chega a registar-se. (Not. 9/01)

A MADEIRA QUE EXPORTAMOS...

No capitulo das exportacoes, o crescimento mais significativo em 1995 foi o do sector das madeiras. Trata-se da exportacao de toros de madeira preciosa, por falta de equipamento para laborar no pais este tipo de madeira de maior dureza. A madeira representou 5,5% das exportacoes (6,9 milhoes de dolares entre Janeiro e Setem- bro de 95), ultrapassando a percentagem da amendoa de caju (cf. NM 71). Em 1996, diz o governo, "as licencas de exploracao passarao a ser concedidas a quem tiver industria de transformacao", para redu- zir a exportacao de madeira em bruto. O governo tambem quer encora- jar o reflorestamento industrial e comercial pela iniciativa priva- da. Uma parte das novas arvores serah para criar reservas de bio- massa para carvao vegetal. O governo conta, em 1996, introduzir legislacao para regulamentar a producao e a exportacao deste produto. O preco FOB de carvao vegetal eh de cerca de 62 USD/ton, contra uns 20 USD/ton do carvao mineral. ("Plano economico e social e politica orcamental para 1996")

O outro lado do "comercio florescente de madeiras tropicais" no pais eh descrito por Peter Ryan, da Universidade de Cape Town, na revista African Wildlife (vol. 49, Nov/Dez 1995). O autor descreve a "destruicao em larga escala de arvores de madeira dura entre a Beira e o rio Zambeze", uma area que era das mais virgens da Africa Austral. A fiscalizacao eh praticamente inexistente e a unica coisa que ainda limita a devastacao eh a falta de boas estradas de acesso. O desperdicio que ocorre eh enorme: "por cada arvore cortada, apenas sao usados os tres ou quatro metros abaixo do primeiro ramo." A exploracao madeireira nas florestas costeiras de Sofala "estah rapidamente a alterar a estrutura da floresta, afectando o microclima e promovendo a criacao de uma camada densa de solos", o que levarah aa exclusao de certas especies de passaros.

Grande parte desta madeira eh exportada para a Africa do Sul, onde nao eh preciso autorizacao para importar madeira de Mocambique e certas madeiras mocambicanas estao a ser vendidas "a menos de metade do preco das mesmas especies provenientes de outras partes de Africa". (mediaFAX 9/01)

CINCO COCA-COLAS POR HABITANTE EM 1995

Acostumamo-nos a ouvir que tal-e-tal empresa estah a produzir a x por cento da capacidade instalada. Mas com a Coca-Cola tudo eh diferente: "A nossa producao estah acima da capacidade instalada; mais do que isso soh um milagre eh que pode fazer," disse o director comercial da SOSUN sobre a fabrica em Machava. Em 1995 a fabrica produziu 3,1 milhoes de caixas da coca-cola e fanta. Para o mes de Marco estah projectada a entrada em funcionamento de uma nova linha de enchimento, o que deve resultar numa capacidade de 9 milhoes de caixas por ano. O preco de venda ao publica foi fixado em 2500 MT a garrafa, mas durante a quadra festiva os refrigerantes desapareceram do mercado e o preco chegou aos 5000. A culpa, de acordo com o director, eh dos retalhistas, que fizeram desaparecer as bebidas para causar esta subida de preco. (Not. 3/01)

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CURTAS
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* O Ministerio da Educacao anunciou a expulsao de dois funciona- rios seus, a suspensao de outros dois e a cessacao de funcoes do chefe do Departamento Financeiro, por envolvimento num desfalque de 500 milhoes de meticais, detectado no ano passado. (Not. 5/01)

* A companhia seguradora Rand Mutual confirmou a suspensao de pagamento de pensoes a familiares de trabalhadores mortos ou feri- dos nas minas sul-africanas, ateh a localizacao dos beneficiarios (cf. NM 71). (Not. 6/01)

* A provincia de Manica ocupa lugar de destaque no que respeita aa reposicao e ampliacao das redes escolar, sanitaria, de estradas e no abastecimento de agua. O orcamento provincial de investimentos publicos contava em 1995 com 4,5 milhoes de contos do Orcamento Geral do Estado, contra 52,65 milhoes de contribuicao externa. A ACNUR disponibilizou 44% deste montante, seguida pela FINNIDA com 35%. (Not. 3 e 9/01)

* O aeroporto da Beira estah a funcionar sem radio-ajuda. O VOR teve que ser desligado por causa de reflexos provocados por sucatas amontoadas num local proximo do aeroporto. (Not. 12/01)

* A partir de 1 de Janeiro de 1996 a inspeccao de pre-embarque passou a ser feita pela empresa Inchape. Ateh aquela data, a inspeccao era feita pela SGS (Sociedade Geral de Superintendencia). Todos os bens com valores superiores a 2500 dolares sao sujeitos aa inspeccao de pre-embarque. (mediaFAX 5/01)

* A ligacao entre os distritos de Mecuburi e Ribaue foi restabe- lecida com a reabertura da ponte sobre o rio Mecuburi, que ficou com um estrado de troncos, travessas e chapas galvanizadas. A es- trada garante a ligacao com a capital Nampula. Durante muito tempo, Ribaue ficava dependente da circulacao de comboios. (Not. 3/01)

* O batelao que faz a ligacao Inhambane-Maxixe estah avariado e a travessia eh feita apenas em pequenas embarcacoes a vela e a motor. Os usuarios suspeitam tratar-se de sabotagem, uma vez que os trabalhadores do barco sao tambem proprietarios de barcos a vela. (Not. 5/01)

* Medicamentos num valor de 30 mil randes foram oferecidos aa Policia da Republica de Mocambique pelo governo sul-africano, mas destinam-se exclusivamente aa policia que patrulha a estrada Boane- Ressano Garcia, em resposta a um pedido neste sentido. (Not. 12/01)

* Nampula tem uma nova estacao emissora, a Radio Encontro, propriedade da igreja catolica, que estah a transmitir a titulo experimental em FM. Futuramente serah instalada uma emissora em onda media. (mediaFAX 5/01)

* Um golpe na burocracia! A Direccao dos Registos, Notariado e Identificacao anunciou uma simplificacao do processo de reconheci- mento de assinaturas e de fotocopias. O funcionario que apresenta um documento no seu proprio servico jah nao precisa de ter a sua assinatura reconhecida. Noutros lugares, basta apresentar o BI e um selo fiscal de... 1521 meticais. (Not. 9/01)

* Um residente da Beira disse que a Igreja Universal do Reino de Deus naquela cidade estah a comprar dolares a 13 mil meticais, o que faz com que os citadinos prefiram os servicos daquela seita, em detrimento dos bancos e casas de cambio, onde se paga cerca de 11,5 mil meticais. (Not. 3/01)

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MAPUTO CULTURAL
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por Erik Charas

"A cultura eh indispensavel para o desenvolvimento deste pais." Palavras do primeiro-ministro, na entrega dos premios do N'goma 95.

O N'goma-Mocambique eh um concurso da Radio Mocambique, que ao longo do ano, com a participacao dos ouvintes, selecciona musicas de cantores nacionais, para, primeiro concorrentes, e segundo vencedores nas diversas categorias, nomeadamente a cancao mais popular, a revelacao, a imprensa e finalmente a melhor cancao, que este ano foi escolhida por um juri composto por cinco elementos completamente distintos em todos os aspectos.

Nas edicoes anteriores a cancao mais popular era por tal eleita a melhor cancao, mas nesta edicao, optou-se pelo metodo dos jurados, pois a R.M estah a fazer um esforco para melhorar a qualidade das producoes musicais dos nossos cantores nacionais. De realcar que tal metodo, nao foi muito bem aceite pelo publico.
Nesta edicao do N'goma 95, "Mukumi ni Vemba", do Dimas, ganhou o premio da cancao mais popular, eleita pelo juri, "Julieta" de Stewart, "Tufo wa Mocambique" de Ali Faque e "Ceroula" de Zaida Lhongo, ficaram com os premios de cancao mais popular, revelacao e imprensa, nomeadamente. (Eleitos pelo publico).
Dimas, que jah tinha ganho a edicao N'goma 93, com o titulo "Tchotcholoza", voltou a conquistar esta edicao, com uma musica que no geral fala do custo de vida associado ao vestir da mulher mocambicana, o porque dela nao fazer mais "mukini ni vemba".
Esteve tambem presente, nesta edicao o Dilon que foi o vencedor da edicao de 94 com a sua musica "Juro palavra d'honra, sinceramente vou morrer assim", e que tambem fala no geral sobre o custo de vida neste pais de sonhos.

Mas o ano de 95 foi, e deixa saudades, pois coisas importantes foram feitas, na area da cultura, e para que este nao se dilua no sentimento de saudade, tem de ser nao soh melhor, como tambem muito melhor que o 95.
Soh que o ser melhor nao eh facil, pois, como despedida e ultima accao de quem acaba, o ano de 95 foi com um feito de deixar lagrimas nos olhos.
O ultimo acto, acontecimento, realizacao cultural foi a entrega da casa reabilitada aa viuva daquele que foi o GRANDE "trovador" mocambicano, autor de "Georgina", "Hodi", "Xinuti xa Boane" e que morreu quase na miseria, Fany M'pfumo.
A casa situada na Matola-Gare, e que estava a ser reabilitada hah quase 6 meses, com fundos provenientes da venda da cassete do Fany, de varias instituicoes e tambem de um concerto realizado em sua homenagem em que participaram gratuitamente um grupo enorme de artistas nacionais e que disseram em unissono: "Hodi fanynhana". Concerto que foi transmitido em directo pela R.M. Gesto de home- nagem unico na historia cultural deste pais (cf NM 49 e 50).
A casa , onde vai morar a viuva e as suas 2 filhas acolheu toda a gente, desde responsaveis ligados a instituicoes culturais a simples curiosos, passando por musicos, pintores, fans, enfim toda uma "familia" mocambicana.
Na ocasiao foi tambem oferecida uma bolsa de estudos aa filha mais nova do "rei" Fanynhana.
Assim, Suzete Antonio M'pfumo, que estah na quarta classe, vai poder estudar no Liceu Alvorada ateh aa 12a classe (SNE), onde o director desta instituicao encarregou-se tambem de arranjar alguem para acompanhar e controlar o seu aproveitamento. A bolsa tem a duracao maxima de 11 anos.

Por tras de quase todos os eventos musicais realizados no ano de 95 esteve sempre directa ou indirectamente a Radio Mocambique, e que sendo a unica produtora, este ano produziu muito menos cassetes de musica dos nossos musicos (13) do que nos outros anos (50). Segundo Domingos Macamo, produtor da R.M., desta vez deu-se prioridade aa qualidade ao inves da quantidade, havendo para 96 projectos maiores.
O unico sitio de distribuicao destas cassetes, sao os proprios servicos comerciais desta Radio, havendo por tal pouca distribuicao e propaganda do que verdadeiramente fazem os nossos musicos.

FRASES Manuela Soeiro - produtora de teatro: Para o ano de 96 temos grandes projectos, e dentre eles estah a realizacao de um filme, uma co-producao com a Noruega.

Mario Mabjaia - actor: Espero que saibamos colher os frutos das sementes, e realizemos talvez mais projectos como o cena lusofona, mas cah de casa!

Hortencio Langa - musico e secretario-geral da Associacao mocambicana dos musicos: A associacao apela aos governantes no sentido de se aproximarem dos artistas, incluindo-os nos seus orcamentos.

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DESPORTO
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por: Mario de Almeida

OS NOSSOS SELECCIONADOS

Nos numeros anteriores jah referimos os curricula de nove seleccionados, os guarda-redes Rui Evora, Manuel Valoi e Luis Dias (Luizinho) e os defesas Joao Chissano, Joseh Augusto, Sergio Matsolo (Faife), Luis Parruque, Edmundo Macuacua e Matias Bebeh. Porque se aproxima a passos largos a fase final e a este ritmo nao conseguiremos dar a informacao completa, esta semana vamos dar a conhecer o CV de mais nove Mambas.

Pinto Barros, defesa esquerdo, vem do Clube Ferroviario de Maputo. Nasceu a 04/05/73, eh solteiro, tem a 8a classe. Com 78 quilos, mede 1,76 metro, natural de Sofala. Participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Antonio Muchanga (Antoninho), medio centro, vem do Clube Maxaquene de Maputo. Nasceu a 24/11/65, eh solteiro, tem a 9a classe. Com 63,5 quilos, mede 1,79 metro, natural de Maputo. Participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Emanuel Matola (Nana), medio atacante, vem do Clube Costa do Sol de Maputo. Nasceu a 11/09/67, eh solteiro, tem a 7a classe. Com 65 quilos, mede 1,73 metro, natural de Maputo. Participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Henrique Tembe (Riquito), medio atacante, vem do Clube Costa do Sol de Maputo. Nasceu a 01/04/66 (no passaporte nasceu a 01/04/70), eh casado, tem a 11a classe. Com 70 quilos, mede 1,76 metro, natural de Maputo. Participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Cachela Boane, medio atacante, vem do Clube Maxaquene de Maputo. Nasceu a 28/12/72, eh solteiro, tem a 6a classe. Com 75 quilos, mede 1,87 metro, natural de Maputo. Participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Bernardo Cumbe (Zeh Bernardo), medio atacante, vem do Clube Desportivo de Maputo. Eh solteiro, tem a 10a classe. Com 73,5 quilos, mede 1,76 metro, natural de Maputo. Nao participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Avelino Maluana, avancado, vem do Clube Desportivo de Maputo. Nasceu a 20/06/77, eh solteiro, tem a 9a classe. Com 64 quilos, mede 1,77 metro, natural de Maputo. Nao participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Tomas Inguana, avancado, vem do Clube Desportivo de Maputo. Nasceu a 13/01/73, eh solteiro, tem a 10a classe. Com 70 quilos, mede 1,78 metro, natural de Maputo. Nao participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

Daniel Nhampossa (Danito II), avancado, vem do Clube Ferro- viario de Maputo. Nasceu em Maputo, Matola, eh solteiro, tem a 8a classe. Com 78 quilos, mede 1,81 metro. Nao participou na fase de qualificacao para o CAN-96.

MARIO ARTUR JAh N~O VEM

Segundo foi recentemente confirmado, o jogador Mario Artur, ao servico do Uniao de Leiria, de Portugal, nao serah dispensado pelo clube para integrar a seleccao nacional. Esta posicao teria jah sido considerada irreversivel. Este jogador era uma peca com que o Cacador pretendia como estrategia de trabalho para o CAN-96. Paciencia Mister.

JAh CAh EST~O OS MAMBAS

Proveniente do Brasil, chegou a Maputo no passado dia 4 de Janeiro o seleccionado Nacional. Como foi oportunamente dado a conhecer, esta fase de preparacao foi realizada entre Portugal e Brasil, onde os atletas foram sujeitos a todo o tipo de provacoes, desde a realizacao de cuidadosos exames medicos a treinos intensi- vos e a jogos com equipes de maior ou menor gabarito. Aparentemente hah agora muito mais confianca entre todo o combinado e parece haver, o que eh fundamental, mais "ambiente psicologico" para enfrentar o "forno" do CAN 96.

JOGOS DE PREPARAC~O EM MAPUTO

Entretanto, logo apos a chegada da seleccao, foi anunciado que seriam realizados tres jogos de preparacao com igual numero de se- leccoes africanas, que por sua vez tambem estarao na Africa do Sul, para a disputa do CAN-96, mas em outros grupos. Os jogos anunciados seriam com a Argelia, Camaroes e Gabao.

MOCAMBIQUE 1 - ARGELIA 0

Este jogo realizado no "caldeirao da Machava", foi bastante disputado e, soh mesmo no final do encontro foi marcado o tento da vitoria. Esta vitoria parece-nos muito importante como elemento de confianca para os jogadores e equipe tecnica. No entanto terah de se repensar muito seriamente nas estrategias a adoptar na Africa do Sul. A partida realizada com a Argelia, do ponto de vista tactico, arrumacao das pedras no rectangulo, assim como na vertente fisica, esteve brilhante e corresponde efectivamente aaquilo que sao os objectivos dos Mambas. Houve ausencia de um sem numero de argumen- tos para fazer face ao futebol mecanicamente inteligente dos "Leoes do Deserto". O "fantasma"de Bondarenko (ou "xipoco" como queiram) parece ainda pairar na equipe e no publico. E uma vez mais, como tem sido habito, tivemos que sofrer, sofrer, para soh no fim, quando jah ninguem acreditava, Tico-Tico nos brindar com um golo que aas tantas, nos fez lembrar aquelas tardes vividas na fase de qualificacao.

Nesta prova participaram os seguintes jogadores: Rui Evora (Capitao); Joao Chissano, Luis, Zeh Augusto e Pinto Barros; Anto- ninho, Jojoh e Ali Hassan; Danito, Chiquinho e Riquito. Aos 30 minutos Nana rendeu Ali Hassan, aos 40, Arnaldo entrou para o lugar de Danito, ao intervalo, Faife substituiu Joao Chissano, aos 62, Zeh Bernardo e Cachela renderam, respectivamente Jojo e Riquito e finalmente, aos 69 Tico-Tico substituiu Cachela que sai por lesao.

Como se pode concluir, a equipe tecnica teve oportunidade de "abrir o baralho" e mostrar quase todas as figuras. Mesmo assim, nao fora a lesao de Cachela, talvez nao houvesse entrado o Tico- tico, homem-golo do encontro.

OS MAIORES "BURACOS"

Mocambique utilizou 17 jogadores nesta partida. Era um jogo para a equipe tecnica fazer uma serie de experiencias, tendo como objectivo encontrar a equipe-base a utilizar no CAN-96, dentro de um lote de 22 jogadores. Algumas certezas jah existem no sector da baliza, na defesa, mas subsistem algumas incertezas ao nivel do meio campo e ataque.

Na baliza, Rui Evora parece estar definido. Como mais apto para seu substituto a equipe tecnica ainda terah de decidir entre Luizinho e Manuel. Parece no entanto haver uma inclinacao para o Luizinho. Na defesa, Pinto Barros parece ser aposta definitiva para a esquerda. O mesmo ainda nao se passarah entre Joao Chissano e Faife aa direita. Estes dois tem caracteristicas diferentes. Enquanto que Faife, menos seguro a defender tem maior capacidade de adaptacao aa posicao (esquerdo ou direito) e mais propensao a avancar com rasgos de inspiracao, o Chissano, sendo mais seguro na defesa, nao se mostra tao versatil.

Quanto aos centrais parece haver jah uma aposta nos jogadores Joseh Augusto e Luis, enquanto que Tomas estarah de prevencao no banco dos suplentes para substituir um dos seus colegas na posicao. No "miolo" do terreno eh que estarao as maiores preocupacoes. No jogo com a Argelia, sobretudo na primeira parte, Antoninho, Ali Hassan, Danito II e Riquito demonstraram alguns problemas, de mar- cacao, transporte de bola, etc. A equipe tecnica veio a substituir todos eles por Zeh Bernardo, Nana e Cachela, que entretanto se lesionou. No entanto, embora se tivessem verificado melhorias no segundo tempo, ainda se verificou haver uma certa passividade dos jogadores desta posicao face aos ataques da Argelia.

No ataque o Chiquinho foi muito mal acompanhado, chegando a nao ser mesmo servido. Quando foi deslocado cah mais para tras demonstrou ser muito batalhador e passou a levar o esferico lah para a frente, onde nao havia sequencia de jogo. O Tico-Tico, por razoes nao claras, soh entra muito tarde. No entanto esteve francamente deslocado. Eh certo que nao perdeu uma oportunidade que veio a resultar em golo. No entanto esteve um pouco fora do seu habitual. O Arnaldo esteve "assim assim". A equipe tecnica afirmou mais tarde que a equipe da segunda parte do jogo seria aquela que estaria mais perto da solucao final.

CERIMONIA DE ABERTURA DO CAN-96

Foram muitos anos de embargo internacional contra a Africa do Sul. Muita coisa ficara latente no que diz respeito aas ambicoes sul-africanas. Esta foi uma oportunidade de aparecer em grande aos olhos do mundo, que de maneira alguma podia ser desperdicada. Se a organizacao criou condicoes para tal, o publico teve apenas de fazer o resto. E o cenario nao podia ser mais maravilhoso. Musica, danca, cor, esplendor.

Muitas horas antes jah se podia medir a pulsacao do que iria acontecer na ansiada cerimonia de abertura. Mas foi quando varios grupos de jovens estudantes, envergando bandeiras das 15 seleccoes participantes nesta Copa Africana das Nacoes, entraram para o rectangulo de jogos, que uma explosao de som, extremamente ensurde- cedora, se fez sentir nas apinhadas bancadas do FNB. Desfilaram os jovens durante alguns minutos, posicionando-se pouco depois em lugares predeterminados.

Grupos de musicos e bailarinos de primeira qualidade aparece- ram pouco depois, cada um nas maximas performances. Varios numeros da cultura sul-africana encantaram a densa massa humana, e os ilustres convidados estrangeiros. Destes ultimos destaque para o presidente da FIFA, Joao Havelange, o presidente da CAF, Issa Hayatou, os quais por sua vez tambem deram uma volta de honra ao Estadio. Um autentico "air show" ia-se desenvolvendo entretanto, desde os modernos jactos da SAA ateh aos cacas e helicopteros da SADF, autenticas "coreografias aereas" que deslumbraram a quem assistiu aa abertura do "CAN".

Nelson Mandela surgiu em grande nas imediacoes do FNB, tambem surgiu de um imponente helicoptero da Forca Aerea Sul Africana, o que foi anunciado pelos altifalantes no interior do estadio. Foi depois convidado a descer ao relvado, onde, envergando a camisola 9, o mesmo numero de Neil Tovey, "capitao" dos Bafana-Bafana. O carismatico lider cumprimentou as duas seleccoes, que por essas alturas jah se encontravam perfiladas no terreno, antes de dirigir uma mensagem essa que serviu de pontapeh de saida aa XX edicao da Copa Africana das Nacoes.

JOGO INAUGURAL: AFRICA DO SUL 3 - CAMAR~ES 0

Contrariando as mais "espertas" opinioes, que retiravam aa Africa do Sul o favoritismo a favor dos Camaroes, equipe com tarimba e nome no futebol internacional, os Bafana-Bafana dominaram e vulgarizaram os "leoes". As duas equipes entraram com disposicoes completamente dispares. Por um lado os Bafana-Bafana super-inspira- dos e jah a cantarem a sua vitoria neste CAN-96. Eh que apos o quase absoluto sucesso na organizacao, a Africa do Sul, tentando recuperar o tempo perdido, durante o longo periodo de isolamento internacional, no caso concreto desta prova, tudo estah a ser feito para que de facto a taca fique na terra do Rand.

Sabado aa tarde, as cerca de 80 mil almas presentes no FNB Stadium estiveram incessantemente a cantar o famoso Txotxoloza e a dancar ateh ao rubro. Na verdade, com uma equipa extraordinariamen- te bem organizada, da defesa para o ataque, e onde a accao de Mark Fish se fez sentir em grande peso, a par de Dr. Kumalo e dos "in- gleses" Phil Masinga e Mark Williams, a Africa do Sul soube tirar grande proveito da permeabilidade da defesa camaronesa. Na turma sul-africana destacaram-se ainda o guarda-redes Andre Arense, o defesa Sizwe Motaung, Eric Tinkler, que joga no Vitoria de Setubal, John Moshoeu e claro, o capitao Neil Tovey que eh o patrao da defesa sul-africana.

Decididamente os Camaroes que sabado se apresentaram em Joa- nesburgo nao sao aqueles que deslumbraram e deram "show" aos olhos do mundo inteiro no "Italia-90". Certamente que os adeptos dos "Leoes Indomaveis" recordam com saudade a epopeia de Roger Milla, Thomas Nkono, Theofille Abega, Cirylle Makanaky e muitos outros. Quando se pensava que os Camaroes neste "CAN-96" tentariam apagar a mah imagem de hah dois anos no Mundial dos Estados Unidos, onde foram vergonhosamente cilindrados por uma Russia tambem debilitada, eis que deixaram agora os seus creditos por maos alheias.

TORNEIO BEBEC (SOBEC) JAh TEM FINALISTAS

Jah sao conhecidas as onze equipes que juntamente com o Bairro Central, vencedor do ano passado, vao disputar a partir de sabado, no campo principal do Estrela Vermelha de Maputo, a fase final do Torneio BEBEC-95/96. Ficam apurados os Bairros da COOP e Polana- Canico em representacao do DU-1, Chamanculo e Malanga, pelo DU-2, Maxaquene e Polana Canico pelo DU-3, Laulane e Hulene pelo DU-4, Jardim, Malhazine e Luis Cabral pelo DU-5.

A organizacao fez jah o figurino de divisao das equipes por series, respectivamente A e B. Estas duas series com o mesmo numero de equipes disputarao os jogos de manha e aa tarde. Entretanto a organizacao tem estado muito atarefada na verificacao, a pente fino, dos dados relativos aa identidade e idade dos jogadores. Este ano, como alias vem sendo habito, foram detectados muitos casos de falsificacao de dados dos miudos.

DESPORTIVO ABRE A OFICINA

Como alias estah a acontecer um pouco por todo o lado, o Desportivo, vai abrir a sua oficina de futebol para a proxima epoca. A primeira concentracao dos atletas do Desportivo e "de todos quantos pretendam representar esta colectividade" serah feita no dia 12 de Janeiro. Miguel dos Santos eh referido como pretenden- do comecar cuidadosamente a preparar o novo ano futebolistico, com os olhos virados para tres competicoes, nomeadamente a Taca dos Campeoes Africanos, Campeonato Nacional e Taca de Mocambique.

NACIONAL DE ANDEBOL JUVENIL ANULADO DEVIDO A INCIDENTES

Com uma serie de incidentes de maior ou menor gravidade tem sido caracterizada a fase do Nacional de Andebol Juvenil, masculi- nos e femininos, que este ano foi convocada para se realizar em Xai-Xai, no recinto do Clube de Gaza. A situacao parece ter sido mesmo grave, onde os incidentes se traduziram em cenas de "pancada- ria" entre jogadores e arbitros. Para alem disto ainda hah a regis- tar que o tal "nacional" era disputado por duas ou tres equipes e, mesmo para estas, subsistiam duvidas quanto aa sua constituicao jah que ateh foram registadas participacoes de jogadores que "retira- ram" equipamentos a roupeiros "que nao viram".

Enfim, situacoes tristes que, se nao forem seriamente punidas, ainda irao dar muito que fazer. Entretanto, por ordem da Federacao Mocambicana de Andebol, foi mandado cancelar o torneio. Jah nao eh mau, mas manifestamente insuficiente, jah que "de pequenino eh que se torce o pepino".

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Fontes: Noticias, Domingo, Savana, Desafio, MediaFAX,
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Message-Id: <199601170721.CAA19807@orion.sas.upenn.edu> From: wim <wim@stevin.uem.mz> Date: Wed, 17 Jan 1996 09:12:49 Subject: NotMoc 72

Editor: Ali B. Ali-Dinar

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